segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Alessandra Sobreira


Alessandra Sobreira

     Na Paraíba, a moda nunca esteve tão na moda – e tão em evidência. São graduações, cursos, eventos e, o que é mais importante, estilistas ganhando reconhecimento nacional e até mesmo internacional. A jovem estilista Alessandra Sobreira é uma das maiores representantes desse “boom da moda paraibana” – suas roupas estão estampadas em revistas, jornais e até mesmo aparecendo em novelas. Nesta segunda feira a estilista estará abrindo o seu ateliê para o showroom de sua coleção de verão 2012. Na ocasião, ela estará não apenas mostrando suas novas criações, mas comemorando os resultados de um trabalho de anos que, provavelmente começou quando ela era criança e brincava no ateliê em que a mãe (Maria José Sobreira, uma habilidosa criadora de acessórios) trabalhava no Rio de Janeiro em ateliês.
     Hoje, Alessandra Sobreira se prepara para dar um grande passo na sua carreira – está de malas prontas para montar um ateliê/showroom em São Paulo, terra dos maiores estilistas e revistas de moda do país. Na entrevista a seguir ela nos conta um pouco de sua trajetória como estilista, da superexposição de suas criações, da mudança de alta costura para prêt-a-porter e, principalmente, da sua nova empreitada em São Paulo.

Fala um pouco sobre essa mudança de João Pessoa para São Paulo.
Não vou mudar, vou acrescentar São Paulo. Vou ter que me dividir entre São Paulo e João Pessoa – e ainda tem o Rio de Janeiro, onde sempre vou por causa da assessoria. E tô apostando que vamos fazer nome, como Martha Medeiros, por exemplo. Vou passar a princípio 10 dias do meu mês em São Paulo, num atelier/showroom, onde vou receber convidados, pessoas que vão marcar alguma hora... É um lugar aberto ao público, porém mais restrito. Vai ser no bairro da Vila Nova Conceição, na João Lourenço – é o bairro onde a Daslu começou.

Como está sendo essa transição de vestidos de noivas para roupas de noite?
Eu acho que comecei pelo avesso, todo mundo começa fazendo coisas mais fáceis e parte para o mais difícil. Eu comecei com o mais difícil que é fazer alta costura e fui enveredando pro lado do prêt-a-porter. Essa minha coleção de agora (verão 2012) está bem mais dia, dá pra usar em tds os momentos. Eu tinha muita vontade de colocar isso em prática, pois na roupa de noiva eu tenho sempre a interferência do cliente – já na coleção eu posso colocar minha identidade, minha inspiração, e as pessoas que se identificarem é que vão comprar essa roupa.

Alessandra quando era criança, posando para uma revista

E como será a coleção de Alessandra Sobreira verão 2012?
Duas coisas são bem marcantes – o splash de cores, como o coral, o azul, o pink, o off white e o preto. E tem também duas linhas distintas: a hand made, montada com artesanato paraibano, e a linha mais gold, feita com uns tecidos importados da Índia – são roupas mais exclusivas e com número limitado. Tem a linha night, onde eu tô usando muito paetê, e a linha boho, que é uma novidade, com uma estampa linda de colares e pedras. As minhas clientes vinham me pedindo roupas que elas pudessem usar mais vezes, no dia a dia – e por isso eu a criei.

Quais as tendências mais fortes dentro de sua coleção de verão.
Todos os tecidos são leves, até os paetês são leves. A maior parte dos meus tecidos são a seda, também estou usando chiffon, gaze, cetim de seda... Também teremos maxi-saias, as minis também, as blusas são bastante soltas e tudo bem numa modelagem bem fluida. Os vestidos são muito soltos, mas também temos as cinturas marcadas e silhuetas ajustadas.

O ateliê tem pin ups em todos os lugares

E qual dessas linhas – de vestidos de noivas e festas ao casual chic – é mais a sua cara?
A noiva é minha paixão. É um trabalho mais diferenciado, com rendas – que eu adoro – e bem distinto do prê-a-porter. Mas dentro do prêt-a-porter eu adoro – gosto muito de verdade – de fazer vestidos diferenciados. Trabalhar uma renda e fazer um vestido que você consegue usar até mesmo num simples jantar é algo que me dá muito prazer.

Por quê a Tainá Muller para estrelar o teu catálogo?
A Tainá vestiu uma roupa minha na novela sem saber que era minha. Depois ela foi para um red carpet da Contigo com uma roupa minha, onde foi extremamente elogiada – todos paravam ela na festa pra perguntar de quem era o vestido. Depois disso surgiu uma curiosidade dela em saber quem eu era. Essa publicidade toda em torno dela no red carpet da Contigo foi muito boa pra nós duas. Então a convidei para participar do catálogo, onde ela representa uma mulher paraibana, usando artesanato paraibano, no próprio local onde veio a inspiração para as roupas. Dentro do salão onde recebo as clientes, nos jardins. Quis trazer ela pra cá, pro lugar onde isso tudo surge.

Croquis

Como está sendo essa adaptação de ateliê de alta costura para ateliê de prêt-a-porter?
Eu ainda estou me adaptando – uma coisa é fazer uma roupa única, sob medida. Outra coisa é fazer uma roupa, não em larga escala, mas algo meio exclusivo. São 3 peças de um modelo X pra cada cidade, por exemplo. Com relação à produção, acontece uma mudança de rotina. Por exemplo, agora eu tenho que fazer uma pilotagem – uma peça que precisa ficar perfeita pro que eu quero – e daí reproduzir. Porém, de certa forma, é uma produção mais rápida do que fazer uma roupa sob medida. O que demora é a gente chegar nesse ponto, da peça piloto estar perfeita. A minha equipe precisou de adaptar pra fazer esse tipo de trabalho. Agora parei com os vestidos de festa, pois não há mais tempo, pego apenas vestidos para noivas, debutantes e algumas mães de noivas.

Como a gente pode denominar a moda que você está fazendo hoje em dia, já que não é alta costura, mas também não chega a ser um prêt-a-porter do tipo fast fashion?
Bem, é o meio do caminho. Vai chegar a ser um prêt-a-porter, mas não tenho a intenção de ser como uma Farm, tão grande assim, não quero repetir tanto a minha produção. Quero continuar fazendo coisas meio exclusivas.

Detalhe do lustre do ateliê, que serviu de locação para o catálogo

E essa explosão de Alessandra Sobreira nos jornais e revistas, vestindo celebridades. Como foi isso?
Tudo é fruto de um trabalho, né? Sempre corri atrás, sempre mostrei meu trabalho e deixei claro que vinha da Paraíba – apesar de não ter nascido aqui – e em momento nenhum eu achei que iria ser barrada por isso. As pessoas estão cansadas desse prêt-a-porter de marca, que todo mundo tem. Quando você chega com uma roupa diferente, com uma coisa mais exclusiva, então acho que isso chama a atenção. Quando eu contratei uma assessoria no Rio de Janeiro e deixei minhas roupas lá, as pessoas começaram a se interessar. Fiz um showroom por lá – nesse showroom foi uma produtora da Globo, que pegou umas peças minhas e tudo começou. As roupas vão pra uma produção, e aí pode ou não dar certo. Como agora, a Patrícia Poeta é a capa revista Uma de agosto com meu vestido.

Como você está lidando com toda essa publicidade?
Tem umas roupas que quando saem numa revista eu recebo ligações do Brasil inteiro pedindo o vestido. Por serem peças meio exclusivas, muitas vezes eu não tenho como atender, daí estou aumentando minha coleção – mas as pessoas vão continuar com esse “gostinho de quero mais”. Como eu estou fazendo uma linha mais “dia”, essa linha terá uma continuidade maior, com artesanato paraibano nos vestidos. Nessa coleção estou trabalhando com artesãos paraibanos que fazem macramê, porém em seda e outros materiais mais delicados.


Para conhecer o trabalho da Alessandra: www.alessandrasobreira.com.br

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